Nebulosa Carina

Nebulosa  Carina
Nebulosa Carina

logística da Gênesis - Descartes

segunda publicação 05/2009

René Descartes
1596-1650
54 anos - França


Axioma - A palavra axioma deriva da grega axios, cujo significado é digno ou válido. 
Axiomas são verdades inquestionáveis universalmente válidas, muitas vezes utilizadas como princípios na construção de uma teoria, ou, como base para uma argumentação.
Em muitos contextos, axioma é sinônimo de postulado, lei ou princípio. 
Sistemas axiomáticos existem em diversas  ciências exatas como matemática e física e também em  outras ciências.  


         Princípios da Filosofia Cartesiana

Axioma VII  -  Toda  e  qualquer   coisa, e  toda e qualquer   perfeição    atualmente     existente    de qualquer coisa, não pode ter o nada como causa de sua existência.

Fica claro  então,  que  qualquer  coisa ou  o nada, possa existir como causa de sua própria existência.



Axioma VIII - O  que  há de  realidade   e  perfeição  em  qualquer coisa,  está  formal   e   eminentemente  em  sua  causa  primeira  e adequadamente.


  • Por formal se entenda que a causa contém toda a realidade do efeito com igual perfeição.


  • Por eminentemente, se entenda que  causa contém toda a realidade do efeito, com mais perfeição, que o próprio efeito.




    Século XVII

    Baruch de Espinosa
                1632 - 1677
                 (44 anos)
                 Holanda
    Pensamentos Metafísicos
    Os Pensadores Vol.XVII
    Abril cultural -Victor Civita
    Transcritos em trechos de tradução e notas de 
    Marilena de Souza Chauí Berlink



    Os Pensamentos Metafísicos são um apêndice aos Princípios da Filosofia Cartesiana, curso que Espinosa ministrou a um aluno particular e que publicou por insistência de Lodewijk Meijer.
    Os Princípios de Descartes são uma exposição das principais teses da metafísica e da física cartesianas; os Princípios da Filosofia Cartesiana de Espinosa são uma demonstração e não apenas uma exposição das mesmas teses, mas numa ordem tal que o conteúdo cartesiano é modificado pelo espinosano (nota do tradutor).




    "Parte I"



    Ente e suas afecções


    Aqui  demonstra-se  que  a  lógica  e  a filosofia comumente admitidas, servem somente para exercitar e fortificar a memória, para que possa reter as coisas percebidas pelos sentidos casualmente, sem ordem nem encadeamento, mas não servem para o exercício do intelecto.


    Capítulo I



    Definição de Ente

    Conhecemos  por  Ente  e  entendo  ser  ente,  tudo aquilo  que   por meio  de   uma  percepção  clara  e  distinta reconhecemos, que  por sua natureza existe necessariamente,  e,    cuja    essência    envolve a existência.                                                                




    Definição de Ente 
    cuja essência não envolve necessariamente a sua existência, apenas possivelmente



    O Ente cuja essência não necessariamente envolve a sua existência, apenas possivelmente, divide-se expressamente em Substância e em Modo, e nunca em Substância e Acidente.
    • Acidente é um modo de pensar, que denota apenas um aspecto.
         Por exemplo:  - Quando digo que um triângulo é movido. O movimento não é um Modo do triângulo, mas é Modo do corpo que é movido. O movimento é um Acidente em relação ao triângulo, mas com respeito ao corpo é um Ente Real ou um Modo, por que  o movimento não pode ser concebido sem o corpo, mas o movimento pode ser concebido sem o triângulo. 




    Definição de Ente Verbal

    Ente Verbal é entendido como aquilo cuja natureza envolve uma contradição aberta, pois não estando no intelecto nem na imaginação, só pode ser expressa por palavras.  Por exemplo, um círculo-quadrado pode ser expresso por nós em palavras, mas não pode ser imaginado de modo algum, e muito menos ser compreendido por nós.


    Quimera 

    Por sua própria natureza a Quimera não pode existir, só pode ser expressa por palavras, por isso uma quimera é apenas uma palavra, e pelo mesmo motivo, a impossibilidade de ser enumerada entre as afecções do Ente, sendo portanto mera negação, por sua própria natureza não pode existir, sendo considerado  Ente Verbal.
    Exemplo: ditos populares como:  
    - mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha que ...

      









    Definição de Não Ente
     ou Modo de Pensar


    Eu  sou
     só pode ser a primeira verdade conhecida
                       na medida em que pensamos.                                         


    O Pensador 
    Original se encontra no Museu Rodin- Paris 
    Escultura em bronze a presentada em 1904 
     do francês Auguste Rodin          

    1840 - 1917 França

    Entendemos por Não Ente ou Modo de Pensar - todas as afecções do pensamento, tais como o intelecto, a alegria, a imaginação, etc.


    Conhecemos por Não Ente ou Modo de Pensar - tudo aquilo que, por meio de uma percepção clara e distinta, reconhecemos que por sua natureza não envolve a sua existência, é só pensamento.







     Não  Ente  ou  Modo  de  Pensar  -  de  maneira que  as    coisas   conhecidas    sejam     mais     facilmente  retidas,    explicadas  ou   imaginadas,  denominamos  Razão. 


              
                             

    Razão - nada  mais  é que   um  modo  de pensar, ou seja, não  é  ente, servindo  apenas  para  que as coisas conhecidas sejam mais  facilmente  retidas, explicadas ou imaginadas.
                   



    Fictício  -  por  sua  natureza  exclui uma percepção clara e distinta, visto que um homem, partindo apenas de sua liberdade, ajunta aquilo que quer ou separa aquilo que quer separar, não sem saber como no falso, mas deliberada e cientemente.  



    Giovanni Francesco Barbieri 
    mais conhecido como
    Guercino ou II Guercino
    1591-1666 (75 anos)
    Emília-Romagna
    Itália
    "Sobre um carro purpúreo, 
    atrelado a dois fogosos cavalos
     Lampo e Faetonte, 
    a bela Aurora 
    transita agilmente pelo céu, 
    espargindo as luzes e as cores 
    que embelezam a vida dos homens, 
    e anunciam a chegada do Sol."





    Quais os modos de pensar por cujo intermédio retemos as coisas.


    Há certos modos de pensar, que servem para que as coisas sejam retidas mais firme e facilmente, ou, para trazê-las de volta à mente quando queremos, ou para mantê-las presentes na mente, é o que pode ser constatado por aqueles que usam aquela regra bem conhecida da memória: certamente para reter e imprimir na memória uma coisa novíssima recorremos a uma outra que já nos é familiar e que concorda com a primeira realmente ou apenas pelo nome. Foi de um modo semelhante que os filósofos reduziram todas as coisas naturais a certas classes que denominaram gênero, espécie, etc., e a que recorrem toda vez que algo novo lhes aparece. 



    Quais os modos de pensar por cujo intermédio explicamos as coisas. 

    Também    temos    modos   de    pensar   que servem para que  as  coisas sejam explicadas, determinando - as evidentemente   por  comparação  com  uma outra. 
    Os modos de pensar que  usamos para   esse  efeito  se denomina  tempo,  número, medida  e  outros. Destes, o Tempo  serve para  explicar  a    duração, o  Número para  explicar  quantidades  discretas   e  Medida  para explicar  quantidade contínua.

    Tempo



                     Números                       
                                         
        


    Medidas


    Quais   os   modos   de   pensar   por   cujo intermédio imaginamos as coisas.             

    Como  todas  as vezes que conhecemos uma coisa, estamos acostumados a figurá-la também com alguma imagem em nossa fantasia, pode acontecer que imaginemos positivamente não-entes como se fossem entes.
    Com efeito, a mente humana tomada em si mesma como sendo uma coisa pensante não tem uma potência maior para afirmar do que para negar.
    Como imaginar, nada mais é do que sentirmos os vestígios deixados no cérebro excitado nos sentidos pelo objeto, tal sensação só pode ser uma afirmação confusa. Disso decorre que imaginemos como entes todos aquele modos que a mente emprega para negar, tais como cegueira, extremidade ou fim, término, treva, etc.

    Capítulo II


    O que é o Ser da essência,
     o Ser da existência, o Ser da ideia 
    o Ser da potência



    Para que  se perceba claramente o que entendemos por   esses  quatro  seres, é  necessário  apenas  que coloquemos ante nossos olhos, aquilo que dissemos a respeito da substância incriada. 
    • As  criaturas  estão  em Deus eminentemente, ou seja, a causa com mais  perfeição  que  o próprio  efeito.
    • Deus    contém   eminentemente   com mais    perfeição,    aquilo     que       é encontrado        formalmente,        nas criaturas,  isto  é, Deus  tem  atributos tais, que  todas as coisas criadas estão contidas    nele     da    maneira   mais eminente      e      perfeita     conforme axioma    VIII       dos   Princípios   da Filosofia Cartesiana.
      Por exemplo: 

      Concebemos claramente a extensão sem nenhuma existência (Axioma VII -Toda  e  qualquer   coisa, e     toda   e      qualquer     perfeição    atualmente existente    de qualquer coisa, não pode ter o nada como causa de sua existência)

      Fica claro  então,  que  qualquer  coisa ou  o nada, possa existir como causa de sua própria existência,
      e assim como por si  não tem nenhuma força para existir, demonstramos que foi criada por Deus porque deve haver na causa, pelo menos tanta perfeição quanto no efeito, segue-se que todas as perfeições da extensão se encontram em Deus. Mas, porque em seguida vimos que a coisa extensa é divisível por natureza, isto é, contém uma imperfeição, não podemos por isso atribuir a Deus, e, temos que reconhecer que se encontra em Deus, algum atributo que contenha as perfeições da matéria mais excelente, e que possa preencher, o lugar ocupado pela matéria.
      • Deus se conhece a si mesmo e a todas as coisas, isto é, também tem em si objetivamente todas elas.
      • Deus é a causa de todas as coisas e opera apenas pela liberdade absoluta de sua vontade.
      Do que foi dito acima, vê-se claramente que podemos entender por esses quatro seres o seguinte:
      • O Ser da Essência é a maneira pela qual as coisas criadas estão compreendidas, contidas nos atributos de Deus.


        Exemplo:
        Bergamota  é  o nome dado no Rio Grande do Sul à fruta tangerina. Seu óleo essencial, que podemos percebê-lo nos dedos ao dobrarmos a casca da tangerina é conhecido como Essência de Bergamota, que por sua textura  límpida  e pura, e agregar a outros aromas um leve frescor cítrico, é muito utilizado na produção de diversos perfumes. No nosso exemplo, o aroma do óleo essencial da bergamota é um dos atrativos químicos, utilizados pela planta, com finalidade objetiva da manutenção de sua existência, já que o fruto  é a proteção da semente, enquanto esta ainda não está apta à germinação de novo indivíduo.



        • O Ser da Ideia se diz enquanto todas as coisas estão objetivamente e não aleatoriamente contidas na ideia de Deus.

        Seres da natureza com olfato aguçado, quando em busca de    alimento,   auxiliam    de   maneira extraordinária a polinização de inúmeras plantas, mantendo  assim o equilíbrio das espécies. 




        • O Ser da Potência se diz com respeito à potência de Deus pela qual pôde, na liberdade absoluta de sua vontade, criar tudo o que ainda não existia.


        Na contingência da necessidade de energia limpa e resultados não predatórios ao meio ambiente, vemos na foto, a incrível capacidade humana de utilizar seu conhecimento e liberdade absoluta de sua vontade, para criar uma forma de utilizar a energia eólica, para as inúmeras necessidades da sociedade atual. Porém para termos uma ideia melhor de como poderíamos entender o Ser da Potência (da capacidade de), reflitamos no fato de embora conhecermos, e, sabermos de várias formas usufruir dos benefícios dos ventos, está infinitamente distante de nós, a possibilidade de controlá-lo.




        • O Ser da Existência é a própria essência das coisas fora de Deus e considerada em si mesma e atribuída às coisas depois que foram criadas por Deus.


        A essência cítrica do perfume, na realidade é o próprio aroma da tangerina fora da fruta, e, atribuído ao perfume, depois de extraído da tangerina.




        Esses quatro seres só se distinguem um dos outros nas criaturas, mas nunca em Deus, pois não concebemos que Deus  por exemplo esteja em Potência em alguma coisa e em Ideia em outra coisa.




        Capítulo III




        De quantos modos uma coisa é dita necessária e impossível.


        Uma coisa é dita necessária e impossível de dois modos:
        1. Com relação à essência, vimos que Deus é necessário, pois sua essência não pode ser concebida sem a existência, pois seria uma quimera.
        2. Com relação a causa, as coisas, por exemplo, as coisas materiais, podem ser ditas necessárias ou impossíveis, pois, se considerarmos apenas sua essência, podemos concebê-la clara e distintamente sem a existência, por isso não podem existir pela força e necessidade de sua essência, mas pela força de sua causa. Isto é, Deus criador de todas as coisas. Assim, se estiver no decreto divino que uma certa coisa exista, existirá necessariamente, e sem isto, será impossível que exista. Pois é manifesto por si que é impossível que exista aquilo que não tem nenhuma causa interna ou externa para existir.Quando afirmamos que uma coisa pode ser necessária e impossível em relação a sua causa, estamos na verdade afirmando que nem pela força de sua essência, o que entendo por causa interna, nem pela força do decreto divino, o que entendo por causa externa e única de todas as coisas, essa coisa não possa existir, donde decorre que não existe uma coisa necessária e impossível em relação a causa.


        As coisas criadas dependem de Deus quanto à essência e quanto à existência



        Deve-se notar também, que não apenas a existência das coisas criadas, mas também a essência e a natureza delas, dependem exclusivamente do decreto de Deus. Decorre claramente daí, que as coisas criadas não têm por si mesmas nenhuma necessidade, visto que por si mesmas não têm essência alguma, nem existem por si mesmas.
        A necessidade pela causa que está nas coisas criadas, refere-se à essência e à existência, mas em Deus ambas não se distinguem.
        Enfim, deve-se notar que essa necessidade, que está nas coisas criadas pela força de sua causa, é relativa à essência ou à existência delas, pois nas coisas criadas ambas se distinguem.

        • A essência depende das leis eternas da Natureza.

        Forças  em estado de inércia





        • A existência, da série e ordem das causas.

        Reorganização Cíclica 
        cujo mediano é o Big- Bang


        Em Deus, cuja essência não se distingue da existência, também a necessidade da essência não se distingue da necessidade da existência, donde decorre que:
        Se concebessemos toda a ordem da Natureza, descobriríamos que muitas coisas cuja natureza percebemos clara e distintamente, isto é, cuja essência é necessariamente tal, que não podem existir de maneira alguma, pois notaremos que é impossível que tais coisas existam na Natureza, assim como sabemos neste momento ser impossível, que um grande elefante caiba no buraco da agulha, embora percebamos claramente a natureza de um e de outro. Donde decorre que a existência dessas coisas, seria apenas uma quimera que não podemos imaginar nem entender, da mesma forma que não se podia entender anterior ao conhecimento da primeira lei de Newton, que leva em consideração o atrito, como sendo a  força que age sobre a inércia.


        O que é possível; o que é contingente

        Uma coisa é tida possível, quando conhecemos sua causa eficiente, mas ignoramos se tal causa é determinada. Donde podemos considerar a própria causa como possível, mas não como necessária ou como impossível.
        Diremos que uma coisa é contingente, quando a tomamos em sua essência simplesmente, sem considerar a causa, isto é, nós a consideramos, por assim dizer, como uma espécie de intermediário entre Deus e uma quimera, pois, com efeito, no que se refere à essência, não encontramos nela nenhuma necessidade para existir como na essência divina, e no que se refere à existência, nenhuma contradição ou impossibilidade como na quimera. Se  quisermos  chamar possível o que se chamam contingente, e contingente o que chamam de possível, não contradirei, pois não costumo discutir sobre palavras. Bastará que nos concedam que ambos, são apenas defeitos de nossa percepção e não são algo real.

        Capítulo IV 



        Sobre a duração e o tempo da divisão do ente em ente cuja essência envolve a existência, e do ente, cuja essência não envolve nem mesmo a existência possível, origina-se a distinção entre eternidade e duração.




         Eternidade


        Aqui diremos apenas, que ela é o atributo sob o qual, concebemos a existência infinita de Deus. Existência esta que ultrapassa a origem do tempo como conhecemos.

         Duração  



        A duração é o atributo sob o qual, concebemos a existência das coisas criadas enquanto perseveram em sua atualidade. Disso decorrem claramente, que entre a duração e a existência total de uma coisa, há apenas uma distinção de Razão. Quanto mais se subtrai a duração de uma coisa, tanto mais se subtrai, necessariamente, sua existência. o inverso também é verdadeiro. Para determinar a duração, nós a comparamos com a duração daquelas coisas que possuem um movimento certo e determinado. Esta comparação chama-se tempo. 

         Tempo

        Assim, o tempo não é uma afecção das coisas, mas apenas um modo de pensar, ou, já dissemos, um ente de razão. Com efeito, é um modo de pensar que serve para explicar a duração. Deve-se notar aqui que duração é concebida como maior ou menor, como composta de partes e que é um atributo da existência e não da essência.Axiomas são verdades inquestionáveis universalmente válidas, muitas vezes utilizadas como princípios na construção de uma teoria ou como base para uma argumentação. A palavra axioma deriva da grega axios, cujo significado é digno ou válido. Em muitos contextos, axioma é sinónimo de postulado, lei ou princípio..

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